terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Vamos assinar, gente!!!

A Liga das Florestas precisa de heróis. A fauna e a flora brasileiras estão em risco, e com elas o futuro do Brasil. Mas você pode ajudar a salvá-los. O Greenpeace lança, com outras organizações, um projeto de lei popular pelo desmatamento zero de nossas matas. Ao assinar a petição no site, e ao compartilhar e estimular seus amigos a fazerem o mesmo, você acumula pontos, ajuda a proteger um dos bens mais preciosos que o Brasil possui e ainda ganha prêmios. Participe!

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terça-feira, 17 de abril de 2012

Prego

O texto de hoje é antigo. Escrevi-o para um amigo querido, que morreu em 2009, o Sérgio Fischer, ou o Prego.
  
Prego

O inferno dos vivos não é algo que será; se existe, é aquele que já está aqui, o inferno no qual vivemos todos os dias, que formamos estando juntos. Existem duas maneiras de não sofrer. A primeira é fácil para a maioria das pessoas: aceitar o inferno e tornar-se parte deste até o ponto de deixar de percebê-lo. A segunda é arriscada e exige atenção e aprendizagem contínuas: tentar saber reconhecer quem e o que, no meio do inferno, não é inferno, e preservá-lo, e abrir espaço.
                                                   (Ítalo Calvino – As cidades invisíveis)


            O Sérgio, o Prego, o Professor Fischer, o Pescador – difícil de dizer por quantos nomes  ele será lembrado. Por outro lado,  quem o conheceu e teve o prazer de conviver com ele, vai lembrar certamente que era uma criatura amável, um professor e escritor talentoso, um amigo e colega divertido, espirituoso, dono de um humor inigualável. Não virá ao caso lembrar, quando se pensar nele,  que teve uma doença grave ainda muito pequeno, que passou a infância fazendo cirurgias e tratamentos dolorosos para minimizar as seqüelas da paralisia infantil. O fato de  ter sido um portador de deficiência física, neste mundo que só atenta para a beleza e a perfeição, se o incomodou, não deixou que se percebesse – porque o Prego soube, sempre soube, abrir espaço – e ser alegre e deixar as pessoas a sua volta alegres também – dentro daquilo que poderia  ser um verdadeiro inferno para qualquer pessoa banal.
            Eu poderia referir aqui vários momentos divertidíssimos que passei perto dele, ouvindo suas tiradas impagáveis sobre as pessoas, o mundo, a literatura, os alunos, mas sei que muitos outros amigos dele, que vão escrever estas memórias também, falarão disso. Ele era um cara popular, carismático, que ganhava a simpatia de qualquer um minutos após conhecê-lo. Quero lembrar aqui o quanto ele era, também, generoso – capaz dessa generosidade que tanta falta faz neste mundo.
            Uma vez, estávamos  - todos professores de Língua Portuguesa fazendo um bico – trabalhando  com avaliação de redações de um concurso que não vem ao caso. Entre nós havia um colega doente, passando um período ruim por conta das recorrentes viroses oportunistas que acometem os soropositivos – caso desse colega. Esse rapaz nem poderia estar ali, trabalhando naquelas condições de saúde; alguns de nós  sabíamos, no entanto, que ele precisava trabalhar e ganhar aquele dinheiro. Lembro que havia uma espécie de rodízio, entre alguns poucos dos homens que estavam ali, para acompanhar discretamente esse colega a cada vez que ele ia ao banheiro, pois ele poderia desmaiar. E lembro – sobretudo – do Prego fazendo isso: cuidando de longe esse amigo, esperando uns minutos, cada vez que ele saía da sala, para depois ir atrás dele, ver se ele estava bem. Foi uma semana de trabalho difícil, tensa e triste, pois acreditávamos que no ano seguinte aquele colega, dado o avanço da doença,  não estaria mais conosco. Estávamos errados, felizmente; hoje, passados mais de dez anos desse episódio, esse colega está vivo e, pode-se dizer, com a saúde estável. Quem não está mais entre nós é o Prego, confirmando as  estatísticas: câncer mata mais do que Aids.
            Por que pensei nessa história lúgubre? Porque não sei se a mim comoveu mais a fragilidade daquele colega doente ou a solidariedade dos que o ajudavam a passar, do modo mais digno possível,  por aquele momento – capitaneados pelo Prego. Porque foi aí, nesse episódio que, apesar de já conhecer o Prego há anos, percebi uma outra  dimensão dele: não só brincalhão, não só irmão mais novo do Luís Augusto, mas um  ser dotado de uma grande nobreza.
            Eu tenho mania de fazer declarações às pessoas, quando há razões que as mereçam: gosto de dizer aos amigos (e até aos não amigos) o quanto os admiro, o quanto são bacanas, brilhantes, inteligentes. Não ligo para o que acham disso – faço isso porque sei que nem sempre a oportunidade se apresenta uma segunda vez – e eu já perdi algumas oportunidades. Sempre quis dizer ao Prego o quanto achei bacana aquela atitude dele, mas não disse – e não haverá outra oportunidade senão agora. Digo, então,  para os amigos dele, para os que não o conheceram e lerem seus textos,  para o filho dele: eu admirava o Prego  por ele ser um cara de grande coração, um amigo generoso e solidário – um homem que soube abrir caminho, sempre com sua bengala, e trazer a felicidade para quem vivia perto dele.

                                               Fátima Áli
                                               PoA, 21/02/09

        
(Texto publicado em Puro Enquanto, Sérgio Luís Fischer, L&PM)

terça-feira, 20 de março de 2012

Sísifo?

(...) a escrita constitui como que uma pedra de toque: ao trazer à luz os movimentos do pensamento, dissipa a sombra interior onde se tecem as tramas do inimigo. Foucault
O mito conta uma história sagrada, relata um acontecimento que teve lugar no tempo primordial, o tempo fabuloso dos começos (...) Mircea Eliade
Não sei por  que alguém cria um blog, para depois abandoná-lo – não mal comparando, é como adotar um animal de estimação e depois largá-lo, por fastio... Os defensores de animais  vão achar horrível a comparação (ok, ok, eu também gosto de animais; sobretudo, amo minha gata Zé, mas acho seres humanos mais merecedores da minha piedade e solidariedade), mas explico.  Quando a gente (eu, ao menos) decide escrever um blog,  decide compartilhar um universo (tanto assim?) de coisas internas ou internalizadas, o que faz com que tanto começar quanto interromper  sejam compromissos sério.
Eu interrompi o Trouxeste a chave logo no começo, com umas poucas postagens; lamento essa interrupção, mas a justificativa é (acho) plausível: estava sem palavras, como nunca estive antes (boas ou más, palavras nunca me faltaram).  Vou contar.  Na metade de 2012 recebi um diagnóstico de câncer de mama (o nome técnico é carcinoma ductal invasivo); então, desde lá, passei por todo o tratamento mais ou menos comum nesses casos: cirurgias, fisioterapia, quimioterapia. Hoje estou na fase de tratamento de controle (que constitui numa medicação diária, praticamente sem efeito colateral) e estou bem, obrigada. Mas contei isso para dizer que perdi as palavras nesse período de tratamento: simplesmente não conseguia escrever nada; por outro lado, li muito; há muito tempo não lia tanto – até porque tinha tempo livre para isso, já que estava sem trabalhar. Mas, e a mudez? E a incapacidade de escrever? Não sei. Quem tiver alguma hipótese me fale.
Ninguém  pense que  não tive vontade de escrever, nesse tempo em que não escrevi – pelo contrário, tive muita. E uma figura  me vinha recorrentemente à ideia: Sísifo, o mito, o  “mais esperto dos mortais”, que tentou (e conseguiu) enganar os deuses e a própria morte mais de uma vez.  Sísifo também  é conhecido como o homem que (como castigo) rolava uma pedra para o alto de uma montanha, então a pedra caía, e ele voltava a rolá-la, infinitamente, numa rotina eterna. 
O que tem Sísifo com minha história e vontade de escrever? Era como eu estava me sentindo: estranha, carregada de culpa talvez, como quem desafia os deuses e sabe que sofrerá um castigo a qualquer momento.  Alguém dirá que a doença já tinha sido o castigo –  eu digo que não: a doença foi só uma circunstância (é o Imponderável de Almeida, que podemos vir a conhecer a qualquer momento); a cura / o tratamento, isso sim  é  obra de muitos “sísifos”: cientistas, médicos, sem deixar de falar em meus amigos, que torceram fervorosamente por mim, e – óbvio – obra minha também.
Creio que desafiar o destino, a morte, o traçado imponderável e inimaginável é algo que o ser humano sempre fez e faz atavicamente – ora, existe até um mito que fala disso! Estar na pele do desafiante é que é assustador: e se eu vencer, me caberá o quê?  Vou confessar: não tive medo da doença, mas – agora que a superei (ou pelo menos superei sua parte mais dura) – tenho me sentido, não poucas vezes,  como se empurrasse  uma grande pedra montanha acima.

segunda-feira, 19 de março de 2012

"Quando oferecemos quietude à mente, ela nos oferece clareza em troca." (Brahma Kumaris) É a frase do momento!